2012-10-02 19:01:31

Nova Evangelização e Redemptoris missio: o envio <>


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Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, mais uma vez é chegado o momento do nosso encontro semanal neste espaço dedicado à nova evangelização. A Igreja encontra-se a menos de quinze dias do Sínodo dos Bispos cuja edição terá como tema "A nova evangelização para a transmissão da fé cristã", um evento eclesial longamente aguardado do qual esperamos possa trazer uma rica contribuição para a ação evangelizadora da Igreja nos próximos anos – quer com as proposições dos padres sinodais, quer com a posterior Exortação apostólica do Santo Padre.

"Retomando a reflexão até agora realizada sobre o tema, a Assembleia sinodal terá por objetivo analisar a situação atual nas Igrejas particulares, para traçar, em comunhão com o Santo Padre Bento XVI (...) novas formas e expressões da Boa Notícia que devem ser transmitidas ao homem contemporâneo com renovado entusiasmo (...) É um desafio a retirar, como o escriba que se tornou discípulo do Reino dos céus, coisas novas e coisas antigas do precioso tesouro da Tradição" – nos diz em seu prefácio o documento preparatório para o referido Sínodo, chamado Lineamenta.

É justamente nesse sentido que temos – nesta fase de preparação para o Sínodo – recorrido ao precioso tesouro do Magistério revisitando alguns documentos pertinentes à ação evangelizadora da Igreja.

Na edição de hoje prosseguimos com o terceiro capítulo da Redemptoris missio, encíclica de João Paulo II, de 1990, sobre a validade permanente do mandato missionário. Recordamos que o terceiro capítulo tem como título "O Espírito Santo protagonista da missão". Na edição passada nos ocupamos dos números 21 e 22. Considerando o tempo de que dispomos e a extensão do texto, trazemos hoje somente o nº 23, que prossegue o tema O envio <<até os confins da terra>> (At 1, 8)

23. "As várias formas do « mandato missionário » contêm pontos em comum, mas também acentuações próprias de cada evangelista; dois elementos, de fato, encontram- se em todas as versões. Antes de mais, a dimensão universal da tarefa confiada aos Apóstolos: « todas as nações » (Mt 28, 19); « pelo mundo inteiro, a toda a criatura » (Mc 16, 15); « todos os povos » (Lc 24, 47); « até aos confins do mundo » (At 1, 8). Em segundo lugar, a garantia, dada pelo Senhor, de que, nesta tarefa, não ficarão sozinhos, mas receberão a força e os meios para desenvolver a sua missão; estes são a presença e a potência do Espírito e a assistência de Jesus: « eles, partindo, foram pregar por toda a parte, e o Senhor cooperava com eles » (Mc 16, 20).
Quanto às diferenças de acentuação no mandato, Marcos apresenta a missão como proclamação ou kerigma: « anunciai o Evangelho » (Mc 16, 15). O seu evangelho tem como objetivo levar o leitor a repetir a confissão de Pedro: « Tu és o Cristo » (Mc 8, 29) e a dizer como o centurião romano diante de Jesus morto na cruz: « verdadeiramente este Homem era o Filho de Deus » (Mc 15, 39). Em Mateus, o acento missionário situa-se na fundação da Igreja e no seu ensinamento (cf. Mt 28, 19-20; 16, 18); nele, o mandato evidencia a proclamação do Evangelho, mas enquanto deve ser completada por uma específica catequese de ordem eclesial e sacramental. Em Lucas, a missão é apresentada como um testemunho (cf. Lc 24, 48; At 1, 8), principalmente da ressurreição (At 1, 22); o missionário é convidado a crer na potência transformadora do Evangelho e a anunciar a conversão ao amor e à misericórdia de Deus — que Lucas ilustra muito bem —, a experiência de uma libertação integral até à raiz de todo o mal, o pecado.
João é o único que fala explicitamente de « mandato » — palavra equivalente a « missão » — e une diretamente a missão confiada por Jesus aos seus discípulos, com aquela que Ele mesmo recebeu do Pai: « assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós » (Jo 20, 21). Jesus, dirigindo-se ao Pai, diz: « assim como Tu Me enviaste ao mundo, também Eu os envio ao mundo » (Jo 17, 18). Todo o sentido missionário do Evangelho de S. João se pode encontrar na « Oração Sacerdotal »: a vida eterna é « que Te conheçam a Ti, único Deus Verdadeiro, e a Jesus Cristo, a Quem enviaste » (Jo 17, 3). O fim último da missão é fazer participar na comunhão que existe entre o Pai e o Filho: os discípulos devem viver a unidade entre si, permanecendo no Pai e no Filho, para que o mundo conheça e creia (cf. Jo 17, 21.23). Trata-se de um texto de grande alcance missionário, fazendo-nos entender que somos missionários, sobretudo, por aquilo que se é, como Igreja que vive profundamente a unidade no amor, e não tanto por aquilo que se diz ou faz.
Portanto os quatro Evangelhos, na unidade fundamental de mesma missão, manifestam, todavia, um pluralismo, que reflete as diversas experiências e situações das primeiras comunidades cristãs. Também esse pluralismo é fruto do impulso dinâmico do Espírito, convidando a prestar atenção aos vários carismas missionários e às múltiplas condições ambientais e humanas. No entanto, todos os evangelistas sublinham que a missão dos discípulos é colaboração com a de Cristo: « Eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo » (Mt 28, 20). Assim a missão não se baseia na capacidade humana, mas na força de Cristo ressuscitado."

Amigo ouvinte, antes de encerrar recordamos que a evangelização é o momento do anúncio explícito de Jesus, que se faz com a palavra e o testemunho. Tal anúncio não teria nenhuma eficácia se não fosse confirmado por todo o ser da Igreja, que existe para evangelizar.

Estamos na iminência do Sínodo sobre a nova evangelização. Vale lembrar que evangelizar é anunciar uma Boa Notícia, Cristo enquanto novo, mas também os cristãos precisam perceber novamente a novidade do Evangelho. Nenhum cristão pode pretender já ter entendido tudo sobre Cristo.

A Tradição progride sempre, nos diz a Dei Verbum. A experiência de evangelização – que os padres sinodais trarão para o Sínodo – é um enriquecimento para a própria Igreja.

Amigo ouvinte, semana que vem tem mais, se Deus quiser! (RL)







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